quarta-feira

A Escola Primária Actual


Nesta freguesia, infelizmente, já não há escolas primárias a funcionar. As que haviam foram todas encerradas devido ao pouco números de crianças nas nossas aldeias. Todos os meninos são transferidos para o Agrupamento de Escolas. Passa o autocarro escolar para transportá-los. Aquela segurança do trajecto a pé, que se fazia sentir outrora, já não é a mesma nos dias de hoje. Infelizmente, a comunicação social transmite à sociedade uma série de perigos que envolvem as crianças, tais como: pedofilia, raptos, violações, desaparecimentos, etc. São por estas razões e mais algumas que os pais não ficam descansados que os seus filhos façam, a pé, o percurso para a escola.
Presentemente, as crianças não têm muito tempo para brincar, de uma forma saudável, porque têm um grande número de actividades lectivas e não lectivas. À noite, quando chegam a casa, mesmo estando cansados, ainda têm os T.P.C. (trabalhos para casa) para fazer. Depois, o tempo que resta dedicam-se aos entretenimentos da era contemporânea.
     Na escola, uma criança que seja mais traquina ou “mais viva” é rotulada de hiperactiva.
O professor raramente bate aos alunos, dizem que é anti-pedagógico. As réguas que, antigamente, amedrontavam os alunos deixaram de existir das salas de aula e até a imagem do Criador deixou de fazer parte deste espaço.
Actualmente não vejo aglomerados de crianças a brincar livremente no nosso Soito da Capela. Os risos, as gargalhadas, as alegrias, que faziam eco até à Vila da Ribeira, há muito que se deixaram de ouvir. Hoje, apenas o cântico dos pássaros; o relógio da capela a lembrar os ouvintes que o tempo é implacável e a água da fonte a cair, lentamente, em fio é que quebram o silêncio que se faz sentir. A gente miúda, cá da terra, conta-se pelos dedos…
Senhores Governantes deste País façam alguma coisa de muito urgente para travar a desertificação do interior. Abram os olhos, os ouvidos, o coração e providenciem medidas reais, pondo-as em prática para acabar com este flagelo. Ponham os olhos no mapa de Portugal e vejam a grande disparidade demográfica que assombra este território. Arranjem condições favoráveis para que as pessoas da nossa terra, que foram à procura de melhor sorte, regressem e tenham uma vida digna neste lugar esquecido por muitos…
Pensem nos projectos e tornem-nos realidade. Não permitam que estas aldeias (antigamente tão povoadas) onde a Natureza nos presenteia com tanta beleza, se transformem em “aldeias fantasma”…   


Sónia Ferreira

1 comentário:

Anónimo disse...

Magnifico comentàrio Sonia!Eu tanbem vivi tudo isso e ao mesmo tempo que tu,portanto eu compreendo perfeitamente a saudàde que tens desses tempos passàdos e o que màis me doi é de ver a nossa terra morrer en silencio sem que os politicos "mexam um so dedo".Infelizmente como eu, milhares de jovens portugueses perderam a esperança de um futuro melhor e viram-se "obrigàdos" a emigràr,quando ai vou de férias(feliz por ai voltàr)fico com o coraçao "desfeito" de ver as DUAS IGREJAS:uma terra com muitos séculos de estoria e outrora cheia de vida morrer assim,é INACEITAVEL !
CARLITOS