quinta-feira

O nosso património


Dotado de abundante riqueza de recursos naturais, o território abrangido, na actualidade, pelo concelho de Sátão exibe inúmeros testemunhos arqueológicos da passagem e fixação de comunidades humanas ao longo dos tempos. São disso bons exemplos os monumentos megalíticos, sobretudo funerários, identificados até ao momento no seu termo, bem como estruturas de outras tipologias arqueológicas características de Idades e períodos subsequentes, como nos casos de povoados fortificados de altura das Idades do Bronze e do Ferro, e de villas romanas. Vários séculos se passaram, até que os mouros ocuparam, aqui, os lugares mais importantes do ponto de vista da estratégia militar, originando a reconquista da Beira, realizada num espaço relativamente curto de tempo, em pouco mais de meio ano.
É neste contexto que devemos entender a concessão, no início do século XII, por parte de D. Teresa (1092-1130), e na menoridade de D. Afonso Henriques (1109-1185), do foral a Ferreira de Aves, como forma de povoar a região, tornando-se primeiro proprietário do seu senhorio Paio Fernandes Pires, conquanto, em meados da mesma centúria, metade da Vila pertencesse à Ordem dos Templários. Entretanto, no início do segundo quartel de trezentos, refere-se a presença de D. Lopo Fernandes Pacheco, valido do Reino e uma das personalidades mais destacadas do país, no Paço de Ferreira. Os bens foram, contudo, confiscados em 1385, devido à aliança castelhana de João Fernandes Pacheco, tornando-se, então, senhor de Ferreira o cavaleiro Rui Vasques Coutinho, até que, em meados de quatrocentos, D. Afonso V (1432-1481) doou o senhorio a Martim Afonso de Melo.
Quanto à “Torre de Ferreira de Aves” – ou do Paço de Lamas -, trata-se de uma robusta construção granítica desenvolvida em dois pisos, de carácter essencialmente defensivo, na sua origem, ou seja, entre finais do século XIII, inícios do XIV. De planta quadrada, a torre mede cerca de nove metros de altura, sendo rasgada por esguias frestas góticas geminadas nas suas quatro fachadas, tendo sido primitivamente coroada com merlões, hoje desaparecidos, à semelhança do fosso inundável.
Transpondo-se o portal de estilo gótico, com arco quebrado, formado por seis aduelas, assente em impostas lisas com arestas cortadas e enobrecidas com esferas, acede-se a um pátio fechado pelas antigas dependências agrícolas, assim como ao interior da torre, com uma única divisão no primeiro registo e duas no segundo, interligadas por escada e cobertas por tecto de madeira.

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