sexta-feira

Gente da terra

Um pouco de audácia nos estudos, a garra de vencer. Sempre na berlinda da onda Click na foto

Reflexão antes de férias…

Cumprido que está o primeiro dos três actos eleitorais que neste ano de 2009 Portugal — os portugueses — vai enfrentar, e antes de todos partirmos para as tradicionais férias de Verão, pareceu-me oportuno lançar um olhar, ainda que não obrigatoriamente muito detalhado, sobre as eleições autárquicas que, ao que tudo indica, terão lugar na última semana de Setembro ou na primeira de Outubro. E falar das autárquicas porquê? A razão é simples: trata-se de um acto eleitoral que tem tudo a ver com o País real, isto é, com a terra de cada um de nós. Com a nossa também.

A primeira pergunta que me ocorre fazer — e estou certo de que será partilhada pela maioria dos meus conterrâneos — é esta: terminada a legislatura (quatro anos), o que é que os autarcas responsáveis pelo concelho do Sátão e pela nossa freguesia de Ferreira de Aves fizeram? Cumpriram o que prometeram durante a campanha que acabou por os levar ao poder? O seu programa eleitoral, assumido e prometido, foi traduzido, na prática, em obras? O povo estará hoje melhor servido, disporá de melhores condições de vida do que há quatro anos atrás? A resposta, a minha resposta, só pode ser uma: NÃO! Mas, de repente, e por sentido de verdade, recordo uma «obra» feita após muita insistência: a colocação, em Lamas, de uma «placazinha» indicativa do sentido de Duas Igrejas. Que grande «obra»!

Tenho dificuldade, sincera e objectiva, em descobrir uma promessa feita que tenha sido cumprida. Por mais esforço que faça não vislumbro uma só obra, mesmo que não emblemática, que os senhores autarcas tenham realizado. Lamentável!

No que diz respeito à nossa freguesia, não consigo descortinar qualquer item que represente desenvolvimento ou mais-valia produzidos ao longo dos últimos quatro anos. As dificuldades sentidas pelo povo, nomeadamente ao nível de infra-estruturas, mantém-se inalteráveis. Tudo como dantes, só que desta feita o «quartel-general» não fica em Abrantes. Não obstante estarmos em pleno século XXI, em plena época de grande evolução tecnológica e apesar das autarquias terem visto reforçados os seus meios financeiros, designadamente através das verbas do QREN (Quadro Comunitário de Apoio ao Desenvolvimento Regional) a verdade é que a nossa freguesia continuou parada no tempo. Inaceitável.

Mas, atenção, como sempre acontece em vésperas eleitorais, os candidatos a candidatos, ou os putativos candidatos à sua própria sucessão, têm o hábito de lançar «areia para os olhos» dos eleitores. Isto é, com o aproximar da chamada do povo às urnas existe sempre a tentação de fazer uma «obrinha» aqui, outra ali com vista a tentar cativar a voz de quem vota. Para eles (poder) o pensamento deve ser do tipo «com papas e bolos se enganam os tolos». Mas o povo não é tolo, de todo, e sempre que é chamado, democraticamente, a dizer de sua justiça, sabe separar o trigo do joio.

Veja-se o que se passa nesta altura: à pressa, numa tentativa de «encher o olho» de quem passa, os responsáveis autárquicos lançaram-se na empreitada de tapar as valetas da estrada principal do Vale da Ribeira. E a «obra» foi tão à toa, tão mal feita, que bastaram uns míseros pingos de chuva para que o buraco ficasse de novo à vista de todos. O que importava, julgavam eles, era fazer qualquer coisa. Vêm, repito, eleições aí. Não importa a qualidade. Não importa o que é feito. O dinheiro até é do erário público, ou seja, não lhes sai do bolso…

Ferreira de Aves, pelo seu passado, pelo presente e por que quer ter futuro, um futuro obrigatoriamente diferente e melhor, merece mais. Perante este cenário, revoltante, questiono os meus conterrâneos: será que estes «responsáveis» justificarão de novo o voto e a nossa confiança?

Publicado na gazeta de Sátão em 20/06/2009

Vasco Rodrigues