sábado

Preservação dos Moinhos de Água do Conselho



A Preservação de alguns moinhos de água, tem como objectivo de serem preservadas as memórias colectivas do nosso conselho.
Este património, ficará sempre nas nossas memórias e à disposição de todos os que nos visitarem, para que possam sempre integrar os circuitos turísticos do Concelho.
Ao longo das margens dos nossos ribeiros, encontram-se em ruínas vários equipamentos, que outrora foram moinhos de água, símbolos de uma economia de subsistência que perdurou, na nossa região, até às décadas de 60/70 .

É importante a sua preservação, foi um marco elementar e cultural que preencheu e humanizou nosso concelho, durante anos as margens dos principais ribeiros e do rio Vouga, foi um dos mais importantes instrumentos na nossa subsistência e num período de fraca circulação monetária, onde o pagamento pela moagem dos cereais era feito com uma percentagem da farinha obtida, quantidade que normalmente oscilava entre os 5 e 10%, mas, nós tínhamos alguns moinhos, que eram do povo, isso ajudou-nos nessa subsistência que ao longo dos tempos nos foi muito útil nas nossas poupanças.
Para o nosso conselho, os moinhos em actividade evidenciavam uma certa importância económica na economia desse período, mais concretamente neste meio rural, já que as cidades devido ao desenvolvimento, construíram-se grandes fábricas de moagem e superando o papel desempenhado pelos moinhos de água.

A ocupação romana, teve um papel muito importante nessa actividade, uma vez que lhes coube a eles, toda a mecanização e desenvolvimento estrutural e desempenho da actividade, por variadíssimas razões, chegamos á conclusão que o moinho era um importante pilar da economia de subsistência, quer da nossa região, quer do país.
Associado ao moinho, estará sempre o moleiro, que, podia ser o proprietário ou então seu trabalhador, executando essas tarefas para o proprietário do moinho, que era um senhor no meio rural.
Recordo isto com alguma nostalgia, vários agricultores que transportavam para o moinho em sacas o milho e o centeio, fruto da sua colheita do ano, transporte esse em carros puxados por juntas de vacas.
Sinto saudades daqueles momentos ao escurecer, de inverno com a geada bem visível e um frio de rachar, em que o destino era passar a noite naquele moinho, dormitar por lá num canto, com o meu Tio Zé Caiado, tanto nas Marras, como no Carquejal e porque a farinha não podia subir até em cima, junto da mó, durante a noite, por várias vezes enchíamos o saco daquele pozinho branco, do qual se amassava o pão-nosso de cada dia, para aquela broa de milho, ou as papas de relão. Sinto saudades do som do braço que deslizava em cima da mó, com a trepidação fazia com que os grãozinhos de milho e centeio, caíssem dentro daquela roda enorme e muito pesada de pedra, empurrada pelas correntes da água, que deslizava em cima dos cereais, fazendo saltar cá para fora farinha ainda quente.
Eram noites sem dormir, passada com frio, mas, noites que hoje se tornam em pura nostalgia, dói, quando passo lá em frente e vejo aqueles engenhos destruídos pelo tempo, sem que lhes podemos dar nova vida fazendo-os renascer.
Hoje, pretendo apelar à Junta de Freguesia e Câmara Municipal do nosso Conselho, à recuperação desses espaços, oferecendo à população também o reviver de outrora em que o Moinho de Água conheceu, mostrando aos nossos netos e outras gerações seguintes também essas vivências.
Sinto pena, porque eu vivi isso durante alguns anos.

Vasco Rodrigues

1 comentário:

Anónimo disse...

O moinho de que estás a falar não é no louriçal, mas sim no carqueijal. A última vez que os visitei foi à 2 ou 3 meses. A camara municipal colocou um aviso na porta do de cima a dizer que é proibido retirar os utinsílios dos interior. É lastimavel o estado em que se encontram os moinhos. O de baixo, apesar de a distância do de cima ser de poucos metros não se consegue lá chegar, está tudo tapado com silvas, o de cima praticamente não tem telhado, a fechadura foi substituída por uma tranca de madeira que qualquer pessoa pode tirar. Eu abri a porta e fiquei chocada e triste com tamanho abandono. Aqueles utinsílios são únicos, já ninguém os sabe fazer. Se não fizerem obras de conservação urgentemente penso que a água vai arrastar tudo até ao ribeiro, é pena...! Noémia Rodrigues.