terça-feira

Quem quer festas que as pague!

À coisas a que me mantenho fiel.
Esta crónica, é uma das várias, que escrevo mensalmente para o jornal « Gazeta de Sátão».
Claro, sei que poderá gerar alguma polémica, mas, é a minha opinião somente, não querendo gerar confusão na cabeça de algumas pessoas, o que me parece que poderá acontecer, penso que se formos um pouco sensatos, aceitamos ou não, mas, não passa de uma mera opinião....

Desde há algum tempo que andava para escrever sobre um tema que, devo confessar, tem vindo a provocar-me «estados de alma». Hoje decidi fazê-lo, num assomo de alguma coragem, permita-se-me a imodéstia, deixando desde já claro, sem margem para quaisquer equívocos interpretativos, que a minha opinião aqui expressa, modesta e despretensiosa, não visa ferir sensibilidades mais agudas, mais susceptíveis à questão que abordarei a seguir. Uma questão sobre uma velha tradição que, a meu ver, está desajustada dos tempos que passam.  
Durante os fins-de-semana que passo na nossa aldeia (não tantos como desejava, infelizmente) sou sistematicamente confrontado com peditórios populares para as festas do Castelo, na sede da freguesia. É óbvio que o evento é de acesso livre a todos, os que lá residem e os de fora, mas, sublinho, a festa é «deles». Do meu ponto de vista, trata-se de um abuso a que se deve dizer basta!
Em todas as aldeias e freguesias ocorrem, anualmente, festejos em honra dos respectivos santos padroeiros. Umas de vínculo mais religioso, outras com sinal mais pagão. E cada uma das organizações faz a festa à medida das suas possibilidades, de acordo com o «financiamento» conseguido junto da boa vontade e solidariedade do povo de cada um dos lugares, freguesia ou aldeia.
Lamas, por exemplo, promove ao longo do ano três festas; Vila Ribeira duas; Duas Igrejas uma; Carvalhal duas; Casfreires duas ou três. As restantes aldeias da freguesia, cujo número ultrapassa as duas dezenas, com menor ou maior dificuldade também realizam festejos. A diferença é que nenhuma daquelas organizações recorre ao povo da nossa aldeia, ou das restantes para angariar fundos. Pergunto, então: porquê o Castelo? 
Já manifestei a minha discordância relativa a este comportamento junto de várias pessoas. Constato que o povo tem sobre este assunto opiniões diversas. Os mais velhos, defendem a manutenção do peditório do Castelo na nossa aldeia em «nome da tradição». Os mais novos consideram a acção dos responsáveis da festa do Castelo como uma «aberração».
Não quero apelar ao bairrismo exacerbado nem intensificar divisões. Mas, repito, vai sendo tempo do povo da nossa aldeia, e de todas as outras, deixar de participar financeiramente para as festas do Castelo. Uma solidariedade que é solicitada quatro vezes por ano: Santo André, Senhora do Rosário, Senhora dos Remédios e Festa do Corpo de Deus.
O Castelo tem todo o direito a organizar as festas que entender. Mas se quer «festanças» que as pague, que assuma a responsabilidade dos seus custos, e não as realize, em grande medida, à custa dos outros. Com o dinheiro dos outros tudo é bem mais fácil. Brilhar à sombra do esforço financeiro de outros não me parece de todo justo.
Pessoalmente o meu contributo para as festas do Castelo será… ZERO. Nem mais um «chavo» para os arraiais da sede de freguesia!

Vasco Rodrigues 

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