quarta-feira

Onde é que está a Monotonia?!

Há uns dias atrás uma conhecida minha, oriunda da capital, disse-me que a nossa aldeia era demasiada monótona e excessivamente pacata. Afirmou que as suas mãos esbeltas e delicadas jamais se encardiriam de terra! Utilizou ainda a seguinte expressão: “esta é a terra onde Judas perdeu as botas”. Logicamente que não fiquei nada satisfeita com o que ouvi, por isso vou refutar as ideias dessa pessoa:
- Dirijo-me para o meu emprego sem filas de trânsito intermináveis. No meu destino profissional não tenho que pagar parquímetro e tenho vários lugares à escolha para estacionar, portanto, a meu ver, isto de maçada não tem nada…
- Quando quero sentir a adrenalina da cidade desloco-me até lá e aproveito o que esta tem de melhor, sem me aborrecer e sem entrar em stress.
- Sempre que me apetece também vou ao cinema, afinal fica só a 8 quilómetros de casa e, mais uma vez, não encontro um trânsito infindável e descubro um estacionamento muito próximo do mesmo, logo, não vejo aqui qualquer tipo de mesmice.
-A maior parte dos alimentos que consumo são cultivados no meu quintal, sei como se processa a sua evolução e aquilo que ingiro, onde é que está a chatice nisto?
- Não sinto qualquer tipo de constrangimento de sujar as minhas mãos na terra fértil, onde se dá o milagre da vida! Afinal a água, bem precioso, elimina qualquer tipo de sujidade física. Existe aqui alguma monotonia?!
- Às vezes sento-me no jardim a ler um bom livro e não tenho como companhia o ruído dos carros a desconcentrar a minha leitura, onde é que está a chatice?
Resumindo, este lugar não é onde “Judas perdeu as botas” mas sim onde Deus terá passado e abençoado todas estas maravilhas que fascinam os olhos de quem vê. Viver no sossego, estar cara a cara com a Natureza e viver afastado da azáfama citadina é sinónimo de monotonia? Desculpem-me os que têm esta concepção, mas para mim essa suposta monotonia traduz-se em qualidade de vida!

Sónia Ferreira

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é, mas muita gente prefere o ruido do transito, o fumo dos carros e fábricas, stress que apanham a caminho do trabalho. Nas cidades nem os vizinhos conhecem. Onde está a qualidade de vida destas pessoas? não estou a ver sinceramente. Andam todos num corre corre desenfriado, só vêm cimento,alcatão e pouco mais. Um aviso tenham cuidado que podem cair em algum buraco, parece que existem por aí muitos.
Por aqui vamos vivendo rodeados de natureza viva,com muito gosto,paz e trancuilidade.
Se porventura queiram cá vir até a aldeia sejam bem vindos, mas não venham com a conversa que lá estão melhor,se não gostam daqui, porque vêm cá??
E.Chaves