Existem prazeres na vida que se podem tornar rapidamente em vícios. A partir do momento em que são vícios deixam de ser prazeres. São uma tortura, o saber manter prazeres potencialmente viciantes na forma de prazer puro é uma virtude enorme e um acto de inteligência. Mas, há prazeres que ultrapassam a virtude e a inteligência e se tornam copiosamente em vícios. Ninguém tenha dúvidas que as drogas estão nesta categoria, sobretudo as chamadas duras como a cocaína e a heroína. Não experimentar o prazer fugaz que estas drogas proporcionam é portanto a única maneira de não ficar viciado. Acreditar que se pode experimentar e depois parar quando se quiser, é como acreditar no pai natal depois dos 10 anos. É um acto de estupidez um suicídio lento. Quem se quiser matar desta maneira, poderá antes escolher outras formas mais rápidas e eficazes e que dão muito menos sofrimento ao próprio, às suas famílias e aos seus amigos. Tratar um drogado apenas como um doente parece-me errado. Tratá-lo como um delinquente parece-me obviamente desajustado. A droga é um grande problema humano, social e económico para o qual é preciso encontrar respostas adequadas.
Eu vejo por mim, estou cada vez mais reaccionário em lidar com este problema e temo que este meu comportamento em relação à droga e aos drogados se comece a universalizar. Estou farto dos coitadinhos dos arrumadores de carros que nos chantageiam se não dermos uma moeda, o carro pode aparecer riscado. Estou farto dos assaltos e roubos, cometidos pelos coitadinhos que têm de arranjar dinheiro para a droga. Estou farto de ter de dar umas sandes ou uns bolos, porque eles pedem e se não satisfizermos a suas vontades, somos achincalhados pelos clientes «porque não temos dó, poderíamos ter um filho assim» blá blá blá,… mas, raramente os clientes abrem mão para lhes dar algo. A droga não é um prazer, é uma merda!
O álcool é outro prazer que se pode transformar em vício. Mas há diferenças fundamentais. Pode beber-se bebidas alcoólicas, com moderação e sem perigo para toda a vida. Beber um bom vinho é um prazer único. Para mim acompanhar uma sardinhada ou um bom cozido à Portuguesa com um galão ou um chá é estranho. Beber um bom whisky, ou uma boa aguardente velha após uma excelente refeição, é um acto de cultura. Dos prazeres que não prescindo, é um bom porto, adoro um vinho do porto de qualidade, um vício que consigo controlar.
Beber com moderação não faz mal, mas, ultrapassar essa barreira do bebedor social e passar a ser alcoólico, bebendo como se diz na gíria «para esquecer» traz alterações psíquicas é também um acto destrutivo.
O jogo, enquanto actividade esporádica, pode proporcionar um enorme prazer a quem gosta de jogar, não me refiro a um jogo de damas ou de futebol, daqueles que exercitam a mente e estimulam a inteligência, mas sim aos jogos chamado de azar como os existentes nos casinos, nesses jogos a única perspectiva do jogador é querer ganhar, o grave problema é que se depende da sorte. Pode proporcionar momentos fugazes de prazer, mas também pode transformar-se num vício terrível e destruidor da nossa vida e dos que nos rodeiam. São esses jogadores com comportamentos sociais semelhantes aos drogados e aos alcoólicos. Entrar num casino não é crime e até pode ser muito aliciante, divertido e até compensador… mas, com o tempo, dará mau resultado.
Dos exemplos que foquei, as drogas são o único prazer que não se deve experimentar. Mas, todo o cuidado é pouco. O stress da vida que levamos, «essa doença da moda», das frustrações momentâneas, provocadas pela sociedade materialista em que vivemos, ou até mesmo pelos desgostos da vida quotidiana que levamos, ou dos vícios que o ser humano por vezes nos empurra.
É sempre bom estarmos atentos e cautelosos em relação a nós próprios, é fundamental, é puro prazer ir ao casino gastar cem euros é normal, sair à noite e beber um copo de vez em quando, não prejudica, desde que a obsessão não deixe extravasar, como em anos passados, recordando as «Mães de Bragança», que no fundo não eram mães mas esposas, puseram termo ao vício dos maridos, que em bares duvidosos, com essas mulheres estranhas lhes faziam gastar o dinheiro que não tinham e, por vezes, até motivava uma pergunta: haveria feitiço? Talvez droga nas bebidas?... Nada disso …. Vício.
Os prazeres, por vezes tornam-se muito perigosos devemos estar atentos. Comparar o tabaco à heroína é pura estupidez. Em tudo na vida tem de haver moderação. Viver pode ser muito bom, mas também pode ser uma tragédia. Por causa desses prazeres que nos viciam, podem tornar a nossa vida num verdadeiro inferno.
Vasco Rodrigues
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