Voltando um pouco à minha infância, por volta dos cinco, seis anos, pequenito mas com algum jeito para o negócio, na taberna da minha Mãe, já numa de empresário, aviando copos de três, copos de anis, pirolitos, gasosas, e cervejas naturais ou mergulhadas num alguidar de água fresca da fonte, porque frigorifico, era palavra inexistente no dicionário lá da aldeia, lá íamos servindo algumas refeições, os famosos pratos: uma lata de atum com cebola, uma lata de sardinhas com pão de milho, eram os pratos mais famosos lá da tasca. A famosa máquina de lavar copos e outras loiças, era um alguidar meio de água, que dava para o dia todo, para lavar toda a loiça.
Sempre atentos ao negócio, pois a concorrência não nos dava descanso, lá nos tínhamos que levantar à uma da manhã, a meio do segundo sono, havia sempre alguém que se tinha esquecido de comprar uma caixa de fósforos, ou um molho de fortes, os cigarros mais famosos da época, não me lembro do preço mas deviam custar quatro tostões, vínhamos atender o cliente, embora nos custasse a levantar o rabo da cama, sair do quentinho não era fácil naquelas noites de Inverno.
À noite, a conversa e criticas ao então governo do Salazar, eram lá na tasca, sempre com algum medo que aparecesse um bufo da PIDE. As poucas notícias que chegavam por lá, eram só o que se ouvia pela rádio, jornais não havia, depois do fim do dia de trabalho sempre se aproveitava e se bebia um copo de vinho na tasca da Filomena e se punha a escrita em dia, até tarde por vezes. De quando em vez lá vinha a mulher arrastar o seu homem para casa, chamando-lhe alguns nomes apropriados à ocasião (seu bêbado)..... não era que o vinho fosse de má qualidade, mas a quantidade era um pouco exagerada.
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