Dina Célia Rodrigues
Participação na Colectânea "Corda Bamba", de Junho 2012, da Pastelaria Studios, com a história "Magia de Um Sonho"
Lançamento
Dia 30 de Junho de 2012, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa.
"Magia de Um Sonho"
Participação na Colectânea "Corda Bamba", de Junho 2012, da Pastelaria Studios, com a história "Magia de Um Sonho"
Colectânea Corda Bamba
91 autores, com os mais diversos estilos de escrita, autores de Portugal, do Brasil e Argentina.
509 páginas.Lançamento
Dia 30 de Junho de 2012, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa.
"Magia de Um Sonho"
Num daqueles dias de Inverno, em que o tempo convidava para
estar em casa, sentada à lareira, com uma manta pelas costas e um livro na mão,
Sara saiu e foi a uma festa. A festa estava animada, havia muita gente, comida,
bebida e muita alegria. Ela gostava de conversar e não perdia uma oportunidade
para estar com os amigos, mas os seus olhos fixaram-se em alguém, que era
desconhecido. Ele retribuiu com o olhar e sorriu.
Bastou um sorriso, um simples olhar e Sara jamais esqueceu
aquele homem!
A festa acabou, ela voltou para a sua rotina diária, mas a
imagem daquele homem de ar misterioso, olhar distante e um sorriso lindo, ficou
para sempre gravada no seu pensamento.
Um ano depois, para sua surpresa, encontrou-o novamente. Ele
ofereceu-lhe um café e as pernas começaram a tremer, o coração a bater mais
forte, muito forte…
- Como te chamas? – Pergunta ele.
- Sara! - Respondeu ela, toda corada.
Mais uma vez, ela volta para casa, sem saber quem era o desconhecido.
Ainda recorda a sua voz doce, quando ele lhe perguntou o nome.
A partir daí, começou a contar os meses, os dias, para o
voltar a encontrar. Precisava de o ver uma vez mais!
Um dia, por acaso, soube quem ele era e que viviam perto um
do outro. Apesar do pouco que sabia, deduziu que ele não era feliz e começou a
dar-lhe forma, a moldá-lo segundo os seus desejos e a sua infinita imaginação.
Eram momentos de sonho, momentos felizes. Eram encontros perfeitos, recheados de
carinho, de conversas e aventuras, mas no fundo do coração sentia tudo oco, um
vazio imenso… sentia uma grande ansiedade pelo próximo encontro.
Sara, sem saber, estava a viver um amor platónico! Ficava
muito feliz quando o encontrava, mas mantinha-se reservada e não podia
demonstrar o que sentia porque existia uma barreira muito grande entre eles. Uma
barreira que ela não conseguia ultrapassar, por mais que tentasse, não
conseguia chegar ao seu coração.
Quando estava só, vinha a tristeza e a revolta por
alimentar um sonho que nunca se iria tornar real, ela e aquele homem, que
continuava a ser um mistério, era um amor impossível!
Ele era um enigma, às vezes parecia estar com o pensamento
distante e tinha um olhar triste, mas estava sempre a sorrir. Por vezes, ele
vinha para junto de si e ela achava que ele até gostava de estar ao seu lado!
- Nos teus momentos a sós, alguma vez te lembraste de mim? -
Ela imaginava que perguntava.
Era difícil viver perto dele e passar todos os dias à sua
porta, sem o ver e sem lhe poder dizer tudo o que sentia. Encontrou-o algumas
vezes na rua, umas por acaso, nas outras fazia por o encontrar.
Estava apaixonada, mas este segredo, apenas podia contar às
suas lágrimas, quando sem querer lhe rolavam pela face.
Devagar, devagarinho foi chegando até ele. Era altura do
Euro 2004 e ela sabia que ele gostava muito de futebol.
Os Portugueses viviam um sonho, o sonho do Euro!
Era uma grande emoção ver a Selecção Nacional a jogar, as
bandeiras à janela para dar força e festejar na rua as vitórias. As ruas
ficavam cheias de gente, muitos carros a apitar, muitas bandeiras agitadas…
Os adeptos das equipas estrangeiras que nos visitavam eram
muito simpáticos e mesmo que tivessem perdido, cumprimentavam os portugueses e trocavam
as nossas bandeiras e os nossos cachecóis, por símbolos do seu país. Era sempre
uma grande festa quando Portugal ganhava. Foram momentos inesquecíveis, momentos
que valeram a pena. Ficaram muito boas recordações desses momentos, mas, assim
como muitos portugueses, a Sara chorou na final.
Tinha acabado o nosso sonho. Tinha acabado o sonho do Euro!
Depois de toda esta euforia passar, ela enviou uma mensagem
ao homem que continuava a tirar-lhe o sossego. Depois, veio um telefonema e uma
ou outra mensagem de vez em quando.
Estaria a nascer uma amizade?...
Mais uma vez o futebol, o Mundial de 2006. Portugal lá
estava outra vez, com a força de todos os portugueses, outra vez o sonho, outra
vez a acreditar nas vitórias da nossa Selecção.
Durante o Mundial, a Sara e ele encontraram-se num café, a
ver um jogo, pela televisão. Portugal ganhou e foi um momento muito feliz porque
pela primeira vez, os dois festejaram juntos.
Finalmente, o tão esperado encontro a sós. Aquele dia, com
que ela tanto sonhou, aquele dia que ela tanto imaginou, aconteceu como por
magia…
Foi um momento de sonho. No aconchego da noite, ao som de uma
música muito bonita, copos e à luz da vela, tudo foi perfeito, tudo foi mágico
até ao momento em que tudo desapareceu.
Sara acordou!
Acordou de um lindo sonho, com um sabor final a desilusão.
O sonho tinha acabado, a magia tinha desaparecido e à sua
frente estava a realidade, estava sentado outro homem...um homem debruçado, com
a cabeça entre as mãos. Ela não o quis magoar e fingiu que estava tudo bem, mas
ela estava desiludida e ele estava arrependido.
Arrependido de quê, de tentar ser feliz?
Passou muito tempo sem que Sara voltasse a ver aquele
homem, mas não perdeu a esperança de um dia o voltar a encontrar.
Numa tarde quente, de Verão, Sara chegou a casa, tomou um
duche e jantou. Os amigos iam todos passar o fim-de-semana fora, só ela é que
ficava em casa… não lhe apetecia estar só.
O telefone tocou!
- Olá Sara, queres ir tomar um copo?
- Obrigado pelo convite, estava mesmo a precisar de sair! –
Responde ela sem hesitar.
Era
um amigo a convidá-la para sair.
Foram
a Cascais, a um bar junto ao mar. Sentaram-se numa mesa e pediram duas bebidas.
Como estava uma noite muito agradável, ela pegou num copo e foi até à
esplanada. Havia um lindo luar. Ouvia-se o barulho das ondas de encontro às
rochas e a espuma branca deslizava pela areia.
Sara, deixou-se seduzir pelo encanto do mar e tinha o
pensamento a navegar nas agitadas ondas, em frente a si. Pensava nele, no homem
que vivia nos seus sonhos, mas que estava tão longe…
Sentiu a brisa do mar e suspirou!...
Olhou
em redor e reparou que não estava só, reparou que havia outra pessoa sentada na
esplanada. Aproximou-se e viu que era ele, o homem dos seus pensamentos.
A música tocava baixinho e a luz da lua iluminava o seu
rosto. Estaria a viver um sonho? Ele estava ali, ao seu lado… tinha sonhado
tantas vezes com isso, os dois a sós, outra vez!...
Sem
palavras, ele agarrou na mão dela e correram para a praia. Quando lá chegaram,
deram um beijo… um beijo que ela tanto ansiava. Apenas a lua lá do alto
testemunhou esse momento.
Sara
sentia-se muito feliz. Numa noite de luar, ela, o homem dos seus sonhos e o
mar, era um cenário perfeito. Sentia-se no paraíso!
Correram
pelas dunas, estenderam-se na areia e, no calor da noite, deram um mergulho.
Um
mergulho ao luar!
Deixaram-se
envolver pelas ondas e levar pelo sabor da fantasia…
- Estás bem, não bebes? Desde que voltaste da esplanada
estás muito estranha, não estás cá, estás longe… – disse-lhe o amigo.
O pensamento dela parou de navegar e finalmente, reparou
que estava dentro do bar. Olhou pela janela e viu o mar, mas algo tinha
desaparecido na noite…
- Desculpa, está uma noite tão bonita que me deixei levar
pelos meus pensamentos, mas o que estavas a dizer? – Pergunta ela ao amigo, com
uma lágrima a deslizar pela face.
Sara, não ouviu mais nada, já só queria sair daquele lugar
porque os seus sentimentos estavam baralhados e a noite tinha perdido todo o
encanto.
Foram para a praia e sentaram-se na areia, em silêncio, mas
com a brisa do mar e a luz do luar, voltou a magia da noite. Sara encostou a
cabeça no ombro do amigo e ele afagou-lhe o rosto. Ela sentiu novamente o seu
coração preenchido de sonhos e sentiu uma enorme felicidade.
Sara,
agora sabia que aquele tinha sido o último encontro, que aquele tinha sido o
último beijo… e não se importava!...
Dina Célia Rodrigues
4 comentários:
Boa noite,
Eu não sou escritora, apenas dei o primeiro passo no mundo da escrita. Um passo muito pequenino... Boa leitura! Boas férias para todos!
Parabens Dª Dina. Fico muito satisfeito por poder apreciar os seus dotes de romancista que desconhecia em absoluto. Continue que que está no bom caminho e pode chegar muito longe...
Um forte abraço de incentivo.
Daniel Lopes
Obrigado Daniel pelo comentário! Oue surpresa, gostei de o ver por aqui. Já está outra história em andamento, mas daí a chegar longe... é difícil!...
Beijos
Olá Dina; Fico ansioso à espera da "Nova história" e até lá vá autografando um exemplar para me oferecer, se não oferecer, eu compro...
Beijos e felecidades.
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