Esse néctar dos Deuses

Como leigo na matéria até então, um curso de vinhos era um toque ou uma magia na arte de saborear o néctar dos deuses. O vinho sempre me fascinou, o bom vinho, aqueles aromas terciários que sentimos ao envolvermos as nossas maxilas e pupilas gustativas nesse néctar, causa-nos sensações únicas. Durante vários cursos que frequentei, provei centenas de vinhos, Portugueses e estrangeiros, mas, os Portugueses foram sem sombra de dúvidas aqueles que me causaram mais e melhores sensações.

Por natureza, nunca fomos um país que forçamos as vendas para o estrangeiro através de um marketing agressivo, talvez por várias razões entre as quais, a fraca produção em quantidade de várias marcas e o investimento na publicidade do produto, daí que além fronteiras, os nossos vinhos, não tenham tido o impacto por exemplo dos espanhóis e franceses. Hoje em dia as coisas estão a mudar um pouco, a um ritmo lento, mas, já vemos em cartas de vinho de restaurantes no estrangeiro, vários vinhos Portugueses de qualidade e a preços «upa upa», isso alegra-me bastante. Numa viagem recente que efectuei ao estrangeiro, a minha curiosidade nos restaurantes, vai sempre parar á carta de vinhos, um desses restaurantes segundo os roteiros turísticos, o melhor do Rio de Janeiro, seu nome «Antiquários», a maior parte dos vinhos que compunham a sua carta, são Portugueses e da melhor qualidade.

Não nego, que apesar de ser oriundo duma das melhores zonas de vinho do país, sua excelência o «Dão», confesso que os meus gostos, se terão virado mais para os vinhos do Douro, talvez pela sua agressividade, resistência e revelando no final uma grande complexidade e persistência, que nos oferece ao saborearmos esse precioso néctar, mas, reconheço que actualmente o Dão está a dar cartas, na elaboração de grandes vinhos de enorme qualidade, para não falar das grandes marcas já consagradas dessa região, são símbolo da qualidade, riqueza e complexidade que reflectem o enorme potencial da região. Disto nos podemos gabar, quintas com nome no mercado, ainda pouco conhecidas, mas, que em qualidade dão de avanço a vários vinhos já consagrados e de renome.

Desta vez, elaboramos um jantar vínico onde cada convidado como de costume apresentava um vinho à sua escolha até 10€, seria uma prova cega, apareceram muito vinhos, e muitas surpresas, aí o Dão deu cartas, refiro-me à Quinta da Fata 2004 reserva, um vinho excelente, que surpreendeu tudo e todos, venceu a concorrência de muitos consagrados, uma agradável surpresa para quem ainda não provou este néctar, o Casa de Santar reserva esse não surpreendeu pois a qualidade não engana, é excelente, só então apareceu um douro muito bom, que também aconselho, Quinta do Portal colheita 2006, muito bom, quanto aos restantes, foram uns dignos vencidos, para o pódio o nosso dão esteve bem representado.

Uma das quintas bem perto de nós, junto ao Sátão, refiro-me à Quinta da Tabuadela, que tenho acompanhado de perto, vejo a sua evolução em crescendo, tem apresentado alguns vinhos de óptima qualidade e elegância, vale a pena estar atento à sua produção ano após ano, aconselho uma visita e uma prova pelas várias e enormes cubas na adega, com jeito Beirão de saber receber, honrando qualquer visitante.

Quer seja um apreciador ou não, a verdade é que o vinho se tornou um verdadeiro símbolo de estilo para nós homens.

Saborear um bom vinho é impressionar.

Vasco Rodrigues