A entrevista dada por Pinto Monteiro ao DN chocou muita gente. Mas a verdade é que o Procurador-Geral da República teve a coragem de assumir algo muito importante muitos pensam mas não dizem. Quando Pinto Monteiro diz que o poder político tem de decidir se «pretende um Ministério Público autónomo, mas com uma hierarquia a funcionar, ou se prefere o actual simulacro de hierarquia», está a colocar a podridão em destaque. Não há MP em Portugal nem independente nem autónomo. Por mais que a hierarquia o diga, a autonomia do «advogado» do Estado é extremamente frágil, sempre dependente dos interesses de quem governa. Só num Estado limpo de corrupção e de aldrabices é possível não corromper a linha governamentalizada que existe hoje na estrutura do MP. Mesmo sabendo que Pinto Monteiro precisa de explicar os erros gravíssimos cometidos pelos investigadores do caso «Freeport», a verdade é que colocou o dedo numa ferida que sangra há décadas.
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