sábado
De onde vem a água que bebemos?
Entre a água que nasce cristalina na serra e chega aparentemente pura às nossas torneiras, muitas coisas acontecem.
Um destes dias, depois do almoço, dei por mim a pensar numa situação fantástica, «será que ainda se consegue avistar o reservatório que fornece a água que à pouco bebi?» … mais uma das minhas aventuras, até ao local.
Andei Povo a cima, entrando quase na serra, avistei o famoso depósito de água completamente engolido pelas giestas e silvas, sem qualquer hipótese de me abeirar. Com a ajuda de um pau, lá consegui chegar junto da porta de acesso ao interior. Para meu espanto, a porta completamente escancarada (aberta), a fechadura podre, sem possibilidade de se fechar. Entrei com algum receio de encontrar algum bicho, que se estivesse ali a esconder, mas, nada, simplesmente vi uma espécie de depósito redondo, com grandes fendas, de alto a baixo, em perigo de derrocada, a escada de acesso de visita, completamente arrancada, sem possibilidade de avistar a água que nos chega às torneiras para bebermos, mas, como sou muito persistente, tentei e subi mesmo lá em cima para ver esse líquido precioso, a água.
O que vi, quase nem me atrevo a contar, porque se calhar ninguém da nossa aldeia volta a beber a nossa água cristalina, pura, que nasce na serra. Quase caí de costas, com o susto e eu que não sou uma pessoa de ter medo, aranhões, aos milhares, no tecto, em cima da água, a fazer esqui aquático, lixo em volta do tanque por dentro, criado nas fissuras, ervas, silvas, e outro tipo de porcarias! E no fundo do tanque? Não sei o que poderá lá existir, algum bicho morto, não sei, não consegui ver, mas poderá ser possível, com a porta aberta, tudo é possível, provavelmente os serviços camarários à anos que não fazem uma visita ao local.
Desci e sentei-me junto da porta, a olhar para esta pobreza franciscana, a tubagem em ferro, completamente enferrujada, as junções perdem água, olhando para tudo isto, faz-me lembrar, algumas reportagens, sobre os países chamados terceiro mundo…
Já algumas vezes, os meus filhos, mais sensíveis que nós adultos, regressaram a Lisboa, com febre, dor de cabeça, sabe-se lá de quê!
Pergunto: não pagamos a água que consumimos? Não pagamos o aluguer do contador? Não pagamos taxas adicionais camarárias? Caramba, pagamos, pagamos,… só temos deveres e não temos direitos, será que não era tempo de rever esta situação? Criar condições de salubridade na água que bebemos, protegendo a saúde pública. Não será tempo de reconstruir um novo reservatório de abastecimento de água? Não será tempo, de limpar a nascente e perfurar um pouco mais em vez de utilizarmos a água dos furos. Não será tempo, de a autarquia criar um departamento que fiscalize este tipo de situações, em todos os locais do concelho, onde existam reservatórios de água? Será só a povoação de Duas Igrejas nesta situação degradante? Creio que não, custa-me a acreditar.
Por esta autarquia, gasta-se tanto dinheiro em coisas tão supérfluas, que por vezes são de encher olho ao cidadão, mas, nestas situações que são de saúde pública, não se investe um tostão, quando necessário e se é necessário… estranho é que ninguém protesta, ninguém denuncia, ninguém se preocupa com estas coisas que parecem tão simples, mas, que nos podem fazer tão mal, até pode matar. Esperemos, que nunca venha a acontecer, porque se acontecer… alguém vai ter de responder por isso.
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