terça-feira

Como lidar com crianças com Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA)?

A Hiperactividade com Défice de Atenção é prioritariamente definida como uma actividade motora exagerada, inapropriada e desordenada da criança. Não param de se mover, distraem-se com facilidade, aborrecem-se rapidamente, são desorganizadas, desobedientes, impulsivas e mandonas. E parece que não escutam quando se lhes fala, exibindo flutuações de atenção.


Paralelamente à hiperactividade surgem frequentemente associadas perturbações comportamentais a perturbações de carácter cognitivo, ou seja, relacionadas com a aquisição das aprendizagens escolares, independentemente ou não da presença de défice de atenção.


A sua expressão clínica depende da idade da criança aquando do aparecimento dos primeiros sinais. Assim, distinguem-se 3 faixas etárias antes da idade adulta: a idade do pré-escolar – são crianças hiper-reactivas a estímulos externos (ruído, agitação exterior, etc.) mas menos reactivas ao contacto com a figura materna e ao relacionamento com os outros. È agitada, grita muito, corre riscos de queda e modifica o seu comportamento e atitude de um minuto para o outro. È uma criança que dorme pouco e que se alimenta mal; a idade escolar – nesta fase, a hiperactividade está mais associada à perturbação de atenção, daí a designação hiperactividade com défice de atenção, sendo o último conceito o foco principal, o que se relaciona com a entrada da criança para a escola; a adolescência – nesta fase, a hiperactividade predominantemente na vertente motora diminui enquanto a intensidade dos sintomas de impulsividade e desatenção se mantém. Isto potencia no adolescente, dificuldades de adaptação associadas a um abaixa auto-estima que o afastam ainda mais do seu grupo de pares. Neste âmbito, as dificuldades interpessoais no seio da família e no exterior levam muitas vezes o adolescente a adoptar por condutas perturbadoras e delinquentes. Simultaneamente, poderão surgir, nesta altura, outras complicações, nomeadamente, personalidade anti-social, perturbações ansiosas e depressivas.


Etiologia (origem e causas)


A questão da origem da hiperactividade é muito complexa e as suas causas são múltiplas. Desta forma, a hiperactividade é, actualmente, considerada consequência da interacção entre 3 grandes tipos de factores: biológicos, psicológicos e sociais. No que se refere aos factores biológicos, parece efectivamente estar presente uma componente genética, isto é, pais biológicos de crianças hiperactivas exibiam frequentemente sintomas semelhantes na infância, ou seja, verificam-se antecedentes familiares de perturbações do comportamento.


Quanto aos factores psicológicos e sociais, são de destacar os aspectos familiares. Assim, entre os pais de crianças hiperactivas, é significativamente maior o nº de comportamentos agressivos, de alcoolismo e de abuso de substâncias psicoactivas. Também é de realçar, que nas famílias de crianças com hiperactividade se verifica maior incidência de conflitos conjugais, de perturbações psicopatológicas (depressivas e/ou ansiosas) ou ainda de isolamento social.


O tratamento


O que podem fazer os pais?


• Parar para pensar antes de reagir ao mau comportamento da criança;


• Aplicar consequências imediatas (podem ser positivas ou negativas – ex: chocolate, elogio, afecto, recompensa, ou negativas – ausência de gratificação associada a uma explicação imediata do que não foi cumprido. Assim, devem-se reforçar as boas acções/comportamentos (ex. positiva num teste) e punir, sem recorrer a castigos físicos o mau comportamento (ex: não ver TV 2 dias);


• Aplicar regras e rotinas bem claras e visíveis, ex: horários bem definidos;


• Ser consequente, firme e constante;


• Ajudar a criança a lidar com as suas dificuldades e estabelecer objectivos passíveis de alcançar pela criança;


• Actuar sempre como modelos positivos, pois o comportamento dos pais influencia o comportamento da criança e estas imitam-no.


• Actuar em conjunto com o companheiro(a), não discordando à frente da criança, e com outros técnicos (professores, psicólogos, médico de família, etc).

 
“ Por trás de uma criança com problemas de comportamento existe um adulto que também precisa de ajuda…”

 
Susana Rodrigues

Mestrado Integrado em Psicologia Clínica (ISPA)

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