terça-feira
Onde pára a polícia?
Há matérias que, por recorrentes, deixaram de ser notícia.
A criminalidade, nas suas diferentes formas, é uma delas. Trata-se de um fenómeno que os portugueses, do Minho ao Algarve, já se «habituaram» a observar e a sentir, impotentes. Com alguma frustração até, face ao seu crescimento e, sobretudo, impunidade. Dos crimes e dos criminosos.
Numa altura de crise profunda, social e económica, a criminalidade tende a aumentar. Transversalmente. Os crimes que, em tempos, eram acontecimentos que se registavam nas grandes urbes, com especial incidência na zona Litoral, verificam-se hoje um pouco por todo o lado e começam a «marcar encontro» regular nas zonas do interior do País. O envelhecimento das populações e a desertificação de muitas localidades torna-as «palcos» apetecíveis para os criminosos. «Ingredientes» a que se junta a ausência das autoridades policiais. Onde pára o policiamento de proximidade tão apregoado por sucessivos governos?
Nas Duas Igrejas, aldeia habitualmente pacata, onde nada de relevante acontece, onde o tempo parece ter parado, o fenómeno criminal começa a ganhar contornos preocupantes. No curto espaço de um ano, os amigos do alheio «visitaram», por duas vezes a sede social do clube local e várias casas de habitação.
Roubaram e vandalizaram, deixando atrás de si um rasto de prejuízo.
Não obstante as diligências feitas, em tempo oportuno, junto da GNR do Sátão, a verdade é que até hoje as autoridades policiais não foram capazes — não souberam ou não puderam — de responder pronta e eficazmente às actividades criminosas registadas. O que se lamenta. Sem querermos pôr em causa a dedicação, empenho e lealdade das forças de segurança para com o povo que juraram defender, facto é que, na generalidade, os agentes de autoridade mostram-se céleres e competentes apenas numa matéria: a caça à multa.
Vai sendo tempo, neste tempo conturbado que vivemos, dos responsáveis da nossa terra se atirarem ao combate deste fenómeno global assustador. Sob pena, se o não fizeram atempadamente, serem derrotados pelos criminosos que continuarão impunes. Para nosso desespero e angústia.
Publicado no jornal (gazeta de Sátão 20,Julho,2009)
Vasco Rodrigues
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