Para os adeptos
do Barça, a oitava maravilha é Messi.Eis uma história, uma lição de vida, que
encanta Camp Nou.
É uma desforra bem
pessoal, a história do menino autista aos 8 anos, anão aos 13, que via o mundo
a 1,10 metros do solo.
É esse mesmo,
Lionel Messi, que botou corpo à base de tratamentos hormonais e que, 59
centímetros depois, encanta o mundo do futebol, naquele jeito singularíssimo de
conduzir a bola colada ao genial pé esquerdo, como se o couro redondo fosse um
mano siamês, uma mera extensão corporal, um órgão vital, inseparável.
Barcelona rende-se
ao talento de "La Pulga" e os adversários caem aos pés de um talento
puro e raro.
E por muito
talento que tivesse para jogar à bola, estaria o rapaz consciente do destino
glorioso que lhe estava reservado?
O miúdo de 16 anos
que vestiu pela primeira vez a camisola da equipe principal do Barcelona num
jogo com o F. C. Porto, a 16 de Novembro de 2003, na inauguração do Estádio do
Dragão, o Lionel Messi que agora caminha sobre a água, é ainda o mesmo menino
que sobrevoou o Atlântico, em 2000, para se curar de uma patologia hormonal.
Lá na Argentina,
na Rosário natal, os prognósticos médicos eram arrasadores: sem tratamento
eficaz contra o nanismo, Lionel chegaria à idade adulta com 1,50 metros, no
máximo.
Os diagnósticos
alarmaram os Messi.
E o custo dos
curativos também: mil euros mensais, ou seja, quatro meses de rendimentos da
família de La Heras, um bairro pobre de Rosário.
Mas o pai de
Lionel não se resignou.
Sabia que o filho,
pequeno no corpo, era gigante no talento.
E não aceitou a
fatalidade.
Nessa altura, o
prodígio de dez anos despontava no Newells Boys, fintando meninos com o dobro
do tamanho e marcando gols atrás de gols.
O pai sugeriu ao
clube que pagasse os tratamentos de Lionel.
A resposta foi
negativa.
E o mesmo sucedeu
quando os Messi foram bater à porta do grande River Plate.
Na adversidade, a
família Messi teve mais força, com a ajuda de uma tia de Lionel, emigrada na
Catalunha.
E foi assim, em
2000, ainda antes de completar 13 anos, que Lionel e os pais viajaram até
Lérida.
E com a bola quase
a dar-lhe pelos joelhos, aquela habilidade enorme logo maravilhou os
treinadores do Barça.
Carles Rexach,
diretor do centro de formação do Barcelona, ficou maravilhado com o
prodigiozinho argentino.
Ao cabo de dois
treinos, não hesitou e logo tratou de arranjar contrato.
E ficou espantado
com a proposta do pai do craque: o Barça só tinha de lhe pagar os tratamentos
que os médicos argentinos sugeriam.
Foi dito e feito.
Durante 42 meses,
Lionel levou, todos os dias, injeções de somatropina, hormônio de crescimento
inscrito na tabela de produtos proibidos pela Agência Mundial Antidopagem, e só
autorizada para fins terapêuticos.
Em 2003, o
milagroso hormônio fizera de Lionel o que ele é hoje, um rapagão de... 1,69
metros!
No Verão de 2004, acabadinho de fazer 17 anos, e já com
contrato profissional, entrou para a equipe B do Barça.
Mas fez só cinco jogos, porque aquele enorme talento não
cabia no "Miniestadi".
Reclamava palcos maiores.
E rapidamente começou a jogar no Camp Nou, na equipe
principal.
Em 16 de Outubro de 2004, o prodígio fez a grande estreia na
liga espanhola, num dérbi com o Espanhol.
Em 1º de Maio de 2005 entrou para a história do Barça:
marcou no Albacete e tornou-se no mais jovem jogador a marcar um golo pelo
Barcelona.
Aos 17 anos, dez meses e sete dias, começou a lenda.
Cinco anos depois, Messi teve a consagração absoluta.
Foi eleito Melhor Jogador do Mundo de 2009, após uma época
de sonho, concluída com um feito inédito do Barça "de las seis
copas": campeão de Espanha, da Taça do Rei, da Supertaça Espanhola, da
Supertaça Europeia, da Liga dos Campeões, do Mundial de Clubes. Ufff!
O craque que o Barça
contratou pelo custo da terapia de crescimento é, hoje, a maior jóia do futebol
mundial, segurada por uma cláusula de rescisão de... 250 milhões de euros!
E é, também, o mais bem pago de todos: o menino pobre do
bairro de la Heras é, agora, multimilionário, recebendo qualquer coisa como 33
milhões de euros anuais em salários e publicidade.
Nem em contos...
Lionel Andrés Messi >> 23 anos (24/06/1987)
Nacionalidade: Argentina (os argentinos têm vergonha de não
terem tratado do rapaz).
Títulos: campeão Espanha (2005, 2006, 2009, 2010 e 2011),
taça do rei (2009); Supertaça Espanha (2005, 2006, 2009 e 2010); liga dos
campeões (2006, 2009); supertaça europeia (2009); mundial de clubes (2009).
"GRANDE LIÇÃO DOS PAIS QUE NÃO DESISTIRAM DO SONHO:
CURAR O FILHO."
Não se focaram só no problema, mas sim na solução e sem a
ajuda dos clubes argentinos.
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